A Escuridão Procura a Escuridão

Sónia Ferraz da Cunha

Sónia Ferraz da Cunha

“Ele sorriu (…), segurou-me o braço que pousava sobre o colchão e encurtando novamente a pequena distância que nos separava, e de forma decidida e deixando-me sem reação, segurou-me com firmeza o rosto com a outra mão e encostou os seus lábios aos meus num beijo onde o pouco discernimento que a hora avançada, e o algum álcool que já bebera, me permitiam possuir foi morrer, dissolvido no seu cheiro irresistível, nos seus movimentos seguros, intensos, firmes, na suavidade dos seus lábios e no seu sabor, um sabor que naquele momento me empurrou a um abismo de descontrolado desejo.”

“O tempo é implacável, imparável e a mais confiável das realidades, e mesmo que dele percamos o trilho ele seguirá sempre o seu caminho, indiferente à nossa falta de sensibilidade.

E assim os dias passavam sem que eu tivesse a real perceção do seu impacto ou dos meus atos e dos seus possíveis danos, e através deles eu ia repetindo rituais de culpa, de mentira e principalmente de prazer, um prazer do qual eu não estava disposta a abrir mão sobre nenhum pretexto.”

“O seu toque era mais rude que o habitual, as suas mãos grandes e fortes seguravam com firmeza e os seus dedos longos e finos pressionavam-me a pele, por vezes exagerando na intensidade; também os seus movimentos dentro de mim foram mais enérgicos, como se um impetuoso fogo o estivesse a consumir. Esporadicamente sentia como me segurava o cabelo com uma das mãos, imprimindo alguma agressividade ao ato, enquanto a outra, no meio das minhas pernas, me provocava um descontrole indescritível, levando-me com a sua insistência e habilidade ao limite do prazer.”

Utilizamos cookies próprios e de terceiros para lhe oferecer uma melhor experiência e serviço.
Para saber que cookies usamos e como os desativar, leia a política de cookies. Ao ignorar ou fechar esta mensagem, e exceto se tiver desativado as cookies, está a concordar com o seu uso neste dispositivo.