A Heroína que Me Corre nas Veias

Sofia Ferreira

Sofia Ferreira

"Estás a pulsar-me no peito. É um orgasmo que dói, quase fingido. Não temos lubrificação. Orgasmo que dói quando me tocas, não porque não me és, apenas porque não te sou quando tudo o que sei é que não existes dentro destas quatro paredes. Não existe metáfora que nos apague nem semântica que nos multiplique. És o meu orgasmo dorido porque te quero, mas não me dás prazer nenhum. Toco-te e não te sinto, és a areia que vejo desvanecer com o vento que passa. Isso não me dá prazer nenhum. O orgasmo a ti não te dói porque só sentes a droga que te corre nas veias. A tua dor seria o meu orgasmo não fingido. O êxtase do meu gemido. A nicotina que me escorre pela garganta e me mata pela boca. Tenho um orgasmo preso dentro de mim e já não sei se o quero sentir. Doloroso não é o momento, é o pós. Quando preciso de ti e só sinto o cheiro do vazio que deixas quando corres para a tua vida cheia de nada. Tu pensas que tens tudo contigo mas apenas tens tudo a passar-te à frente. És o orgasmo preso dentro de mim. Enclausurado nas palavras que não te digo, no beijo que não te dou, no prazer que tu não sentes."

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