À Sombra de uma Estrela Intermitente

Pedro M. Lourenço

Pedro M. Lourenço

“Algo de novo acordava agora, respirava a sua primeira golfada de ar e gritava a alegria do seu nascimento. A vida, ao contrário das rochas e das estrelas, vivia depressa. Erguia-se e sucumbia num ciclo interminável de morte e nascimento. Os átomos, como Antómio, entraram num carrossel interminável de animação. Antómio foi bactéria e foi alga, e foi bactéria novamente. Foi detrito, foi comida, foi bebida, foi bactéria muitas vezes. Sempre regida pelo compasso rápido da batuta do tempo, a vida evoluía depressa, numa profusão de cores, formas e hábitos. Antómio experimentou mil formas, foi peixe e foi anémona, foi rã e foi medusa, foi escaravelho e foi polvo, foi sequoia e foi rosa, foi carvalho e foi cogumelo. Um dia voava nas asas de uma ave, noutro dormia o longo sono invernal de um urso, por vezes era uma vaca a pastar num prado verdejante, outras vezes uma lula nas mandíbulas de um voraz tubarão. A vida era alegria, era como uma dança e Antómio dançava e rodopiava, tanto que chegava a ficar tonto.”

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