Com o Santo à perna

Ângelo Mesquita

Ângelo Mesquita

Não havia rabo-de-saia que lhe escapasse. Depois, ia desabafar tudo ou quase tudo com o Santo Papa da sua devoção.

Até que um dia, o Santo Padre, farto de o ouvir explodiu:

- Achas bonito, Acácio? Achas bonito, seu tratante, o que fizeste esta manhã?

- Quem é que está a falar? Que voz é esta? É alguma de vocês que se está a meter comigo? Quem me está a pregar uma partida? Noémia! Zulmira!…

- Deixa de ser parvo, Acácio, acorda para a vida. 

Não estás mesmo a ver que sou eu?

- Santo Padre? Acácio deixou-se cair de joelhos, estupefacto.

- Claro que sou eu, seu estouvado. Vês aqui mais alguém além de nós os dois? Vê lá se tens de contar pelos dedos para saberes quantos estamos aqui?

- Não! Não! Mas como nunca falou comigo… Eu pensava…

- É esse o teu mal, pensares! E quando pensas, normalmente pensas mal. Ou é para enganar alguém, ou dá para asneira. Eu só te quero informar que, por mim, já não aguento mais. Estou farto de te ouvir em silêncio. Chega!

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