Desculpe os transtornos, um Brasil em reformas

Paulo Roberto Cannizzaro

Paulo Roberto Cannizzaro

É enganosa a ideia que uma “democracia”, livremente anunciada ou bem louvada, basta para carregar todas as benesses do mundo, inspirando liberdades essenciais e garantias constitucionais. É promessa vazia. Em contrapartida, não é preciso a imposição de ditadura para se ter um governo marcadamente autoritário. Basta impor à nação uma dívida pública sem controle, antidemocrática, sobretudo quando não comprovada ou auditada, dívidas acumuladas em gestões incompetentes e que comprometem irresponsavelmente a República, roubando oportunidades sociais, só para remunerar a banca financeira internacional ou nacional.

Para ser um regime de exclusões basta submeter um povo a crises recorrentes em variadas dimensões — institucionais, sociais, políticas, econômicas —, adotar a corrupção nas práticas públicas, não responder às requisições sociais, desatender a um desenvolvimento econômico possibilitador à vida de cada cidadão ou quando subjuga um povo com um regime que não consegue cumprir os ideais da democracia.

A ditadura tradicional de armas e violências apenas mudou a face, mas está presente quando socializa a miséria, desigualdades sociais e torna o cidadão refém de um Estado enfermo, corrupto e em crise.

A democracia tradicional, formal, burocrática, apenas à moda dos ideários republicanos, ficou vencida, sequer nos representa. Não satisfaz as expectativas de cada um.

Há uma emergência em definir uma nova ordem pública, submetida à construção de outro ordenamento político, capaz de reatualizar a noção da soberania popular e do poder cívico.

O dilema real do debate contemporâneo, notadamente em países tão confusos politicamente e com práticas tão antidemocráticas, está no fato que a democracia é vista como um resultado incerto e débil em pacificar o jogo destrutivo de conflitos e colapsos que dominaram a própria sociedade brasileira.

 

Paulo Roberto Cannizzaro

 

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