Deste Mar e do Outro

Delfina Vernuccio

Delfina Vernuccio

Cheguei a casa, guiado não sei por que forças, já que todo o percurso me pareceu uma caminhada inconsciente por terrenos que eu sabia de cor e, talvez por isso, os meus olhos já não alcançassem. Acendi um cigarro, inalei o fumo como quem busca respostas para a vida, dirigi-me ao quarto e tentei dormir.

Cerrei os olhos, mas as palavras continuavam a martelar-me o cérebro, numa dança desconexa e surreal. Queria calá-las em mim, mas aquela voz apoderou-se do silêncio do meu quarto e sussurrava-me, infinitamente, interminavelmente: “...sem o companheiro das viagens para lá do mundo... com o sangue acorrentado pelos olhos desligados...”

 

 

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