Dez quilómetros de saudade, o novo livro de contos de Margarida Gama de Oliveira, é uma aguarela poderosa sobre um tempo e um território que desapareceram e que só a memória pode preservar. Um retrato de tal maneira vibrante e humano que nos transporta para o cenário da quinta, para o recanto das casas, para o colo da avó.
É, também, uma homenagem a pessoas reais, densas, com personaÂlidades que mereciam romances e que gostariamos de descobrir deÂmoradamente. Mas o poder dos contos é mesmo esse, o entreabrir da porta, o levantar do pano, o semear a vontade de ler mais, de ir atrás da história e, ao mesmo tempo, a capacidade de dar, em poucas linhas, o realismo de um ambiente e de um sentimento.
Este é um livro que se lê depressa, que prende, que nos ensina como se vivia há duas gerações atrás e nos preserva, na lembrança da autora, uma realidade que nos é alheia, mas que queremos nossa.
Está de parabéns a autora e o concelho, que ganha mais uma obra esÂsencial para o conhecimento da realidade do passado recente.
Paula Guimarães