Desde a morte do meu filho Pedro a 24 de maio de 2019 que em mim vive uma vontade de fazer mais.
Com o passar dos anos, e com o passar dos dias fui tendo o relato de outros seres iguais ao meu Pedro.
Que escondem sentimentos e vontades obscuras enraizadas em seus corações acorrentando suas almas.
A minha página do meu filho tem asas não era somente uma página no Facebook onde eu despejava as minhas angústias, lágrimas e aflições.
A minha página era um local de partilha.
Ali despida de preconceitos, encontrei uma missão diferente além de ser mãe e mulher.
Aceitei que a minha missão envolvia a morte do meu filho perante a vida e a vida perante a morte.
Que a sua decisão tinha que ser vivida de uma outra maneira onde eu não podia morrer de tristeza.
Onde não podia viver somente a vida à espera da morte envolta de sofrimento e amargura.
Na minha mente só pairava uma decisão.
Permanecer viva e fazer valer bem esta morte.
O sacrifício do meu filho não podia ficar marcado em um calendário qualquer.
Um jovem envolto de tanto amor, tinha que permanecer amado até ao dia em que eu também deixarei de respirar.
E foi por isso que rapidamente transformei e modifiquei a minha escrita.
Lembro-o com saudade, mas passei a escrever textos de resgate interior, de coragem e amor próprio.
Aprendi que a melhor forma de querermos viver bem, é lutando por nós.
Por isso sim. Temos que encontrar a coragem, temos que colocar em prática as nossas vontades.
“O que posso eu fazer com a morte do meu filho para além de me deixar morrer também?” Foi a questão que fiz ao meu coração e encontrei amor no caminho.
Temos que idealizar um futuro e lutar por ele.
Se acreditamos na mínima felicidade temos que ir em busca dela. Deste modo, permite-te viver todos os detalhes que a vida te oferece.
Não te feches na dor, nem na tristeza.
Vive com o mesmo empenho que dedicas à tua agonia.
E terás metade dos problemas resolvidos.
Lembra-te sempre que todos os dias são recomeços, mesmo que não entendamos os processos pelos quais passamos.
Porque efetivamente nenhum dia é igual ao outro.
Assim sendo, o que te torna única e único é o modo como encaras a tua realidade e segues em frente.
Se estás depressivo ou triste com algum acontecimento da tua vida este livro foi escrito para ti.
Se te encontras de luto por alguém importante na tua vida, este livro é para ti.
Se precisas ser entendido e de alguém que compreenda o que sentes, este livro é para ti.
Este livro é para todos os seres que precisam de esperança, de modo a continuarem a lutar.
Levas-me contigo?
Gratidão
Rute Reis Figuinha
