Para lá de Badajoz

Margarida Ponte Ferreira

Margarida Ponte Ferreira

Deixei Lisboa numa fria manhã de Dezembro de 1977. Ia por um ano, voltei 32 anos depois. Hoje, muitos jovens académicos vão para fora. Há quarenta anos, num Portugal tradicionalista e isolado, eu própria vinda duma família conservadora, deixando atrás o marido e uma filha de um ano, isso representava um acto de rebeldia. “Não existe audácia sem desobediência às regras”, dizia Jean Coteau. Desobedeci às normas, parti contrariando a opinião dos que me rodeavam e mesmo a vontade expressa de quem estivera na origem daquela decisão, um norueguês com quem tinha iniciado um relacionamento. Não sabia o que me esperava, era um salto no desconhecido. Aquela controversa partida seria o início de uma segunda vida, de um exílio por vontade própria na Noruega, na Suíça, na Bélgica. Tempos nem sempre fáceis, longe da família e dos amigos, sem poder falar a minha língua, a ter que me adaptar a culturas e costumes muito diferentes dos meus. Cruzei gente de muitas nacionalidades, trabalhei em vários organismos internacionais, tive experiências gratificantes, outras menos felizes. Este livro é um relato desse longo “exílio”, dessa vida para lá de Badajoz, em que, afinal, me senti sempre uma estranha em terra alheia.

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