Rendas do meu Decote

Maria José Carvalho Areal

Maria José Carvalho Areal

Rendas do Meu Decote, empresta o nome a um conjunto de narrativas na primeira pessoa, anunciando tempos, espaços, terras, cantos e esquinas da vida e na vida das gentes, que sobem ao palco das minhas memórias. Nesta forma corajosa, audaz e destemida, despem-se de preconceitos, numa desnudada simplicidade de se ser gente de corpo inteiro.

Dos nove contos que edificam estas Rendas do meu decote, todos eles, com excepção de “Entre a terra e o Mar”, são pertença do mundo real, do acontecimento, da vivência, das gentes com rosto, com nome, com sentimentos e emoções. Com vidas próprias na dependência de si e dos outros, albergando dores e cansaços, alforrias e mais-valias.

Os nomes dos homens e das mulheres que vivem nestas páginas, surgem na forma fictícia. A Isabel não era Isabel, nem o Orlando era Orlando, nem mesmo a Joana era Joana. Todavia, os locais e terras onde nasceram, cresceram, viveram ou passaram a viver, almofadam com toda a veracidade, estas narrativas, inscrevendo-as no movimento da “História da Oralidade”, num propósito de reabilitação de cada personagem e da construção da Memória Colectiva de um Povo.

Escutei gemidos sussurrados,

Prantos alagados,

Vi olhares poisadas nas mãos plissadas,

Senti o arfar do coração.

Limpei com as costas das minhas mãos,

Lágrimas soltas, nos meus e nos olhos seus.

Entendi, deixei-me entender,

Alisei o manto que me cobria

Para que não me sufocasse o pranto

E pudesse haver dia.

Escutei.

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