Chamo-me Maria João Madeira e resido no Porto, de onde sou natural.
Tenho 54 anos e nasci com uma cifoescoliose (desvio lateral acentuado na coluna). Desde os 2 anos de idade andei em tratamento com aparelhos e gessos, até que aos 16 anos fiz a primeira cirurgia. Depois estive 5 meses engessada na cama, mas já em casa. Aos 18 anos fiz a segunda cirurgia. Posteriormente, licenciei-me em Biologia – Ramo de Formação Educacional.
Adorava a minha profissão, só que a partir dos 31 anos comecei a fazer infeções respiratórias muito graves. Em fevereiro de 1999, tive uma infeção que me obrigou a usar oxigénio, apenas para dormir. Em junho desse ano, surgiu um carcinoma no estômago da minha mãe. Foi operada, onde retirou a totalidade desse órgão. Começou a fazer quimioterapia mas não aguentou os tratamentos. Foi internada novamente em setembro devido ao estado de grande fraqueza. Nessa altura, devido ao meu cansaço físico e psicológico, tive uma nova infeção respiratória, na qual entrei em coma. Fui para os Cuidados Intensivos no Hospital Geral de Santo António, onde tive um A.V.C. Afetou-me a parte direita do corpo, que ficou paralisado. Conclusão, fiquei numa cadeira de rodas e dependente de oxigénio 24 horas por dia.
Comecei a fazer fisioterapia de reabilitação do A.V.C. diariamente em casa. Recuperei alguns movimentos mas fiquei completamente dependente de terceiros. para as tarefas mais básicas do meu dia-a-dia. Entretanto, quando eu mais precisava da minha mãe, ela partiu após grande sofrimento.
A minha vida, após o A.V.C., deu uma volta de 360o. Perdi a minha profissão (que eu adorava), vi-me obrigada a vender o meu apartamento e o meu carro e ainda perdi a minha autonomia Pior que tudo, perdi a minha mãe...
Fiquei a viver com o meu pai porque eu não tinha condições de viver sozinha.
Como eu fiz nova infeção respiratória, o meu médico aconselhou-me a usar o Bipap que é um ventilador não invasivo para facilitar as trocas gasosas. Uso até hoje esse ventilador.
Em 2003 casei e passados 2 anos, surgiu-me uma displasia grave do colo do útero (CIN3) provocada pelo HPV (Papillomavírus humano).