PEDRA DE PERMEIO
Se não te procuro tanto
Na verde ternura das folhas,
Não creias que perco o fio das sombras, não;
É porque o tempo - velho anacoreta
De olhos escorridos e duros,
Que divisa, tremendo, a alquimia das estações,
Lá, desde o tonitruante cume
Da imortalidade - vive na poeira
De um caminho oblíquo,
Nas finas arestas e outras insignificâncias,
Onde as árvores são cada vez mais raras.
Por ele podemos, se soubermos, partilhar
Brisas fugidias ou luzes frágeis de caminho,
Mas nada sustêm o passo que nos leva,
Mesmo pisando uma ou outra
Pedra de permeio.
