Com a preocupação de entreter à maneira dos contadores de estórias tradicionais, o autor inspirou-se em contistas europeus como Maupassant e Maugham para descrever personagens e acontecimentos do Portugal recente, num português simples e divertido nuns casos, mais sério noutros.
"Quando chegaram à Praça do Comércio o vapor de água já entrava no habitáculo do carro.
- Estás outra vez com sede?
Henrique decidiu intervir:
- Você não acha que talvez seja de desistir?
- DESISTIR? Deus me livre! Daqui ao barco é um pulo. O pó leva o seu tempo a actuar.
Encostou o carro ao passeio, foi ao porta-bagagens de onde retirou um pano, levantou o capô e, muito cuidadosamente cobrindo-a com o pano, desenroscou a tampa do radiador comentado em voz alta de modo que os outros ouvissem:
- Está cheio de guita! É preciso tratá-lo com suavidade!”